Estátua da Liberdade

Debates para as Europeias 2024: um circo?

Statue of Liberty in New York City under blue and white skies

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Durante um dos debates para as eleições europeias, a moderadora, colaboradora permanente de um dos canais de propaganda, iniciou a discussão da seguinte forma: “Como é que aquilo que propõem ser discutido na Europa pode melhorar a vida dos portugueses?”. É sempre um exercício de masoquismo intelectual ponderar a possibilidade de que os representantes de dois notórios meliantes, o Estado português e a burocracia de Bruxelas, que nos saqueiam diariamente, possam, em algum momento, vir a ajudar-nos!

Solicitar aos salteadores tal explicação, recorda-me sempre um dos filmes que me marcaram para sempre: “Casino”; dirigido pelo magistral Martin Scorsese. Somos agraciados com a voz inconfundível de Robert De Niro, interpretando “Ace Rothstein”, enquanto narra a sua trajectória como um dos grandes gestores de um casino em Las Vegas.

glass walled building during daytime

Logo no início, Ace Rothstein recordava: “Naquela época, Las Vegas era o destino onde os trouxas iam anualmente com alguns trocados e perdiam milhares de milhões de dólares: o resultado final do brilho das luzes, das viagens pagas, dos banhos de champanhe, das suítes de hotel gratuitas, das miúdas e das bebidas. Tudo era meticulosamente planeado para lhes esvaziar os bolsos: essa é a verdade de Las Vegas”.

Atentem: nós somos os incautos que pagaremos principesca e perpetuamente estes parasitas em Bruxelas, que, ao contrário da sinceridade cristalina de Ace Rothstein, aparecem sob os holofotes televisivos para nos ludibriar, exaltando incessantemente as perversidades dos instrumentos de Bruxelas, concebidos com um único propósito: parasitar-nos, humilhar-nos e enxovalhar-nos.

Quer seja a imigração descontrolada, que devemos aceitar sob pena de sermos rotulados de racistas e xenófobos; quer seja a compra de novos parasitas com o dinheiro dos cidadãos abastados do Norte da Europa, eufemisticamente denominada de processo de alargamento; quer seja a guerra até ao último ucraniano, servindo apenas para encher os bolsos do escol em Bruxelas; quer seja o Banco Central Europeu (BCE), que “paga” as putativas pandemias com inflação — em tudo, os candidatos concordam: tudo vale por uma sinecura dourada!

É sempre causa de admiração a capacidade desta gente de transformar cinismo em arte, pilhagem em virtude, enquanto nos forçam a pagar o seu opulento teatro de crueldades.

Casino (1995), de Martin Scorsese, protagonizado por Robert De Niro.

Numa população estagnada em 450 milhões, um candidato propõe, com uma candura desconcertante, que acolhamos 200 milhões de “refugiados climáticos” – sabe Deus o que isso significa?! A teoria de que o CO2 é um poluente (!), ou de que é o grande vilão do suposto aquecimento global, é sustentada pela “nova ciência”, que não tolera qualquer dissidência, prontamente rotulada de “negacionismo climático” por estes modernos inquisidores, apesar da discordância de muitos cientistas.

A teoria da “emergência climática” assemelha-se às indulgências vendidas pela Igreja Católica há séculos: pague e não irá para o Inferno! Agora, a mensagem é: pague e salvará o planeta Terra! Quão fascinante é a capacidade destes modernos clérigos de transformar a ciência em dogma, onde a fé cega substitui a dúvida metódica, e o assalto aos nossos bolsos, sob a forma de impostos de carbono, se disfarça de virtude ecológica!

Um candidato, supostamente liberal, defende que o Banco Central Europeu, uma entidade que opera sob um regime de monopólio e respaldada por leis de curso legal – atente-se: um “liberal” que idolatra monopólios públicos! – deve continuar a agir com total “independência política” – vá-se lá saber o que isso significa.

Tenta, assim, fazer-nos esquecer que, sem a sua existência, a putativa pandemia jamais teria sido possível. Quem pagaria os milhões de trabalhadores em casa, de baixa devido ao terrível “vírus”, e sem nada produzir? Quem financiaria os milhões de testes falsos? Quem arcaria com os milhões de “vacinas” inúteis e perigosas? A resposta é simples: a dívida pública emitida pelo Estado português e adquirida com o dinheiro de monopólio desta instituição, resultando numa inflação sem precedentes, após ter criado 4 biliões de Euros do nada. Pasme-se: diz agora que está a combater a inflação que criou! É como o criminoso que volta ao local do crime.

Durante os debates, a outrora actriz e agora candidata ao Parlamento Europeu, soltou esta eloquente afirmação: “Por dia, a UE está a perder nove mil milhões de Euros por não fazer a transição climática!” Dá sempre vontade de perguntar se a senhora irá colocar o seu próprio dinheiro nas previsões infalíveis que realiza. Será que está disposta a investir do seu próprio bolso em energias de fiabilidade duvidosa e extremamente caras, como é o caso da energia solar e eólica? Parece que não, pois é sempre mais seguro viver do confisco aos nossos bolsos, como faz há décadas, e pedir ao gado que se arruíne com energia caríssima e não fiável.

O ex-comentador, agora candidato da “direita” globalista, veio afirmar que a habitação deve integrar a carta dos direitos fundamentais da União Europeia! A confusão persiste sobre a definição do que constitui um direito. Eu tenho o direito à vida – o direito de não ser privado dela por outrem –, o direito à liberdade, o direito à propriedade privada – aquilo que produzi, aquilo que adquiri. Ou seja, um direito legítimo não impõe obrigações sobre os outros; é negativo por natureza. Contudo, para o candidato da “direita” globalista, direito é sinónimo de desapropriação; é roubar uns cidadãos para conceder habitação a outros. Temos mais um socialista assumido.

Para a ex-ministra da saúde, candidata da “esquerda” globalista, a Europa é um poço de virtudes porque permitiu a contratação conjunta de “vacinas”, incluindo a controversa compra à empresa farmacêutica Pfizer que agora está sob investigação pela Procuradoria Europeia. Reparem: ninguém a interpela com esta questão!

Antes dos debates, o candidato do partido “fascista” e “antiglobalização”, após uma entrevista onde expressou teorias conspiratórias sobre os eventos de 11 de Setembro, foi logo apelidado pejorativamente de chalupa pelo regime e os seus órgãos de propaganda.

Nunca se esqueçam: foi um grupo de terroristas, sob a coordenação de um indivíduo oculto nas montanhas do Afeganistão – praticamente sem conhecimentos de pilotagem – que conseguiu assumir o controlo de quatro aviões civis, servindo-se apenas de canivetes suíços, num audacioso ataque ao espaço aéreo da maior potência militar do mundo.

Assim, após a reprimenda, apareceu nos debates como um cordeiro, acatando obedientemente os ditames dos órgãos de propaganda: “a emergência climática existe”, “nós precisamos de imigrantes”, “defendo a integridade territorial da Ucrânia, não podendo implicar a cedência de territórios”, “é evidente que se deve atribuir uma maior verba à Defesa”. Resta a pergunta: qual é mesmo a diferença?

Jamais se abordaram ou irão abordar questões relevantes: por que devemos entregar a nossa soberania a uma entidade supranacional não democrática, na qual 21 deputados em 705 são absolutamente irrelevantes? Por que motivo o crescimento económico é tão medíocre desde o aparecimento do BCE, uns míseros 1,1% ao ano? O que explica o disparar exponencial da dívida pública desde a adesão ao Euro, de menos de 60% do PIB para 100% do PIB?

Por outro lado, por que estamos atrelados a uma União Política pela qual ninguém votou, à qual ninguém concedeu legitimidade? De que forma os nossos direitos serão afectados pela Identidade Digital e pelo Euro Digital? Qual o risco real da possibilidade de serem enviados os nossos jovens para guerras que servem apenas para encher os bolsos da casta parasitária em Bruxelas?

Ursula von der Leye, presidente da Comissão Europeia, e Albert Bourla, presidente da Pfizer
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Albert Bourla, presidente-executivo da Pfizer.

Por último, mas não menos importante, o crescente totalitarismo da União Europeia: qual é a legitimidade da Sra. Ursula von der Leyen e os seus comparsas para determinar o que posso ou não ver, em nome da protecção contra a propaganda russa? Quem lhes concedeu poder para censurar os cidadãos, sob o pretexto de combater a desinformação, aprovando esse documento ignominioso denominado Regulamento dos Serviços Digitais?

Enfim, alguém me pode explicar a razão para ser governado por um gigantesco Estado totalitário que almeja controlar cada aspecto da minha existência, parasitando o meu bolso em paralelo com o Estado português? São perguntas que aparentemente nenhum dos senhores dos partidos do regime deseja responder. Compreende-se: o salário mensal de 20 mil Euros que todos iremos pagar está à sua espera…

Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


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