E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço varão?
Lucas I, 24
Choveu a noite inteira.
Com as trevas, veio a chuva. De início, mansa, silenciosa, pouco mais que uma garoa. Então todos se recolheram às suas casinhas de madeira e pouco depois as luzes foram apagadas porque eram pescadores e teriam de sair cedo para a lagoa no dia seguinte. Era uma vila de casebres, que pareciam ter sido improvisados sobre a areia estéril da praia, nada mais que frágeis caixotes de madeira corrompida, vulneráveis.
E todos eles dormiram embalados pela chuvinha sobre o teto e, mais tarde, quando começou o temporal, tiveram sonhos ruins. Eram ribombos sacudindo as janelas, raios finos retalhando o céu e um vento frio que se enfiava pelas frestas. Parecia que aquela tormenta não teria fim.
Por causa dos trovões e dos laçaços da chuva no teto de zinco das casinhas, ele pode serrar e martelar tranquilo, como se fosse marceneiro e não pescador. Ninguém viu quando ele, lutando contra o vento, lampião balouçando na mão, saiu para o pátio e pegou a tora de madeira. Dois ou três raios se afogaram nas águas distantes enquanto ele a arrastava até a porta dos fundos, que estava escancarada. Como tinha empurrado as cadeiras para o canto, pôde passar, espremido, entre o armário e a mesa.
Depositou a madeira no chão de terra batida, soltou o lampião em cima da mesa e puxou o banquinho. Ainda havia tempo para recuar. Não que tivesse qualquer dúvida a respeito do valor que sua empreitada teria para Deus, que aceita de bom grado todos os nossos sacrifícios, mas porque acreditava, justo que era, que, no fundo da alma, os homens conspurcam tudo que fazem, mesmo suas mais nobres ações, se pensam em demasia sobre elas.
Fazia aquilo por amor a Deus ou por orgulho e soberba? Não era, ele próprio, também um pecador? Tudo muito confuso.
Mais do que a indiferença dos homens, temia a chacota, porque podemos muito bem suportar os corações desapiedados, que se fecham à nossa passagem, mas a dor que sentimos quando zombam da nossa fé é insuportável, e não adianta nos lembrarem que Ele ofereceu a outra face porque a ira que nos invade o peito é irrefreável. De todo modo, talvez o temporal, que prendia todos dentro de suas casas, que os tornava surdos para a barulheira do serrote, fosse um sinal positivo do Senhor.
Colocou a tora sobre o banquinho e se pôs a serrar.
Cortou confiando no olho, não mediu nada. Como a madeira estava úmida, padeceu com o serrote enferrujado. Gostava da palavra madeiro. Madeiro era palavra de homem de fé. Rezava enquanto o serrote, penosamente, subia e descia.
Na hora de nossa morte, amém.
Pensou na estrada até o barranco, que teriam de percorrer de pés descalços. Sangrariam por causa das pequenas pedras pontiagudas do caminho. Mas fazia parte do holocausto.
O Senhor nos dará forças.
Quando a madeira se partiu, respirou fundo. Perfume bom de terra molhada e de serragem. As coisas de Deus cheiram bem. As dos homens, não. Os bafios da sua própria casa, por exemplo: a sopa do magro jantar, o último cigarro e o ranço peculiar, entre doce e amargo, de fêmea adormecida.
Tinha agora dois pedaços de madeira, o mais curto era para os braços. Marcou o lugar onde deveria fazer o encaixe. Recomeçou a serrar. Difícil concentrar-se nas orações. Pensava num homem de barbas brancas, seminu, voando entre anjos, quando murmurava Pai Nosso que estais no Céu. Via um letreiro luminoso, desses de fachada de loja grande, quando rezava Santificado seja o Vosso nome.
Pegou o formão para fazer o chanfrado. Um cansaço quase invencível pesava-lhe nas pálpebras. Podia dormir, uns minutos só, sentado numa cadeira. Não! Passou a mão áspera pelo rosto, esfregou os olhos e persignou-se. Aquela soneira, está visto, era tentação do Capeta. Sacudiu os ombros magros e foi apanhar os pregos na gaveta do armário.
Arrastando os dois pedaços de madeira, saiu para a tempestade. Aproveitou-se da nesga de luz do lampião, que escapava dançarina pela porta aberta, para cruzá-las. O encaixe não ficou lá essas coisas, mas ele não era marceneiro, como José. Os pregos entraram com facilidade na madeira úmida. O lenho. Gostava das palavras que o padre usava na missa. Santo Lenho. Guardou no bolso os pregos, para as mãos. A voz do padre dava dignidade até mesmo às coisas bem pequenas. O madeiro. O Santo Lenho.
Martelando afastara o cansaço.
Livrai-nos do mal, amém.
Para onde teria o vento furioso levado o som dos golpes do martelo?
Olhos fechados, chuva braba no rosto erguido para o céu negro, o homem ficou escutando o batuque do seu coração acelerado. Sentiu o sangue pulsando forte nas têmporas. Tudo é usado pelo Tinhoso para distrair a gente das rezas. Mas ainda bem que o trabalho duro mantém o demônio longe de nós.
Venha a nós o Vosso reino: um castelo; assim na terra como no céu: um castelo entre as nuvens.
Rezava para não pensar. De que adianta viver se atormentando? As coisas só se resolvem quando O Pai quer que se ajeitem. Às vezes, nos sonhos ou na vigília, Ele nos diz o que devemos fazer. Aquela cruz, no pátio, sobre o barro, por exemplo.
Mas tinha de partir logo! Um homem de crença não pode vacilar. Um cidadão de bem não pode ficar parado sem fazer nada quando Deus Pai lhe deu uma missão. A cruz estava pronta. Não sabia quanto tempo gastariam para vencer a estrada. O barranco, frente à lagoa, era alto como um morro santo. A voz doce do padre. O Gólgota.
*
Por uns instantes, quando começou a chover mais forte, a mocinha sentiu uma alegria intolerável. Riu, rosto enfiado sob as cobertas. Uma alegria explosiva no coração. Água nas ruas, água dentro dela. No centro do corpo, atrás do umbigo, a nascente de água. Pensou naquele barulho quando a gente toma água demais. Marulho interior. E no meio das águas um menino encantador, Pequeno Polegar.
Depois veio a tristeza, grossa e visguenta, como a aflição dos pesadelos, como o desalento que nos invade quando descobrimos que todos os dias são iguais e que seguirão sendo iguais até o final dos tempos.
Perdera a mãe um ano antes. Recordava o dia terrível em que ao chegar da escola se defrontou com o pai na porta da casa, a esperá-la. Tua mãe morreu, disse ele. Vamos à cidade. Aquele foi o dia mais doloroso e lento de todos. Sentada no banco duro do hospital esperou pelo pai que percorria as funerárias pechinchando o preço do caixão. Por fim, por uns poucos instantes, pode ver pela última vez o rosto de sua mãe; mas não conseguiu beijá-la, porque os coveiros estavam com pressa. E no dia seguinte não foi mais à escola.
Nas noites frias, gostava de dormir agarrando os joelhos ossudos contra os seios pequenos, mas tinha de parar com isso agora. Sufocava o Pequeno Polegar.
Na escola, os dias eram diferentes porque sempre alguém dizia ou fazia uma coisa engraçada e na hora do recreio pegavam sol na cara. E elas, as meninas mais velhas, até flertavam, mesmo sendo aqueles guris uns crianções. Olhavam para eles de cima, não só porque eram mais altas, mas porque tinham seios e fluxos. E eles apenas corriam feito loucos e se davam coices e empurrões.
Os dias se tornam iguais, tristes, quando a gente deixa a escola. Quis continuar estudando, bastava-lhe um expediente para fazer a lida: varrer a casa, lavar e passar a roupa, cozinhar. Mas o pai não permitiu. Disse que ela tinha de ser a dona da casa e ele não sabia de donas de casa que estudassem.
Se, pelo menos, possuíssem um radinho de pilha! Gostava de música. E nem na janela podia ficar, o pai não deixava.
Agora estava grávida, tinha dentro de si o Pequeno Polegar, não precisava de mais ninguém. De início temera a reação do pai, mas ele não falou nada. Sabia, sim, que a filha estava prenha, via a crescente barriga redonda, mas não disse lhufas. Ele, que já não falava quase, simplesmente se fechou. Isso foi o pior. Esperava ser xingada e agredida, talvez até mesmo expulsa de casa, mas o pai apenas se entrincheirou num mutismo ainda mais impenetrável. Agora, viviam como inimigos, inimigos que se vigiavam o tempo todo.
Já nos primeiros dias, quando sentiu que não lhe vinha o sangue, decidiu que, por nada neste mundo, confessaria o nome do pai da criança. Guardaria sozinha o terrível segredo.
Mocinha com criança na barriga fica mais esperta, mais matreira. Sabia que não podia esperar boa coisa do pai. Aquele mutismo era de rancor. Era silêncio de tocaia, de bicho caborteiro preparando o bote. Alguma coisa ele estava arquitetando, calado. Ela até pensou mesmo em morrer, em se deixar matar, mas isso foi no começo, nos dias de maior vergonha e desespero, quando queria encontrar aberta uma passagem para as chamas do inferno. Sim, a vergonha queimava como fogo. Aquele era pecado dos brabos, mortal, coisa para danação eterna. Pecado sem remissão. O pior dos pecados do mundo. Por isso aceitaria morrer junto com a semente que trazia no ventre. Não se pode matar um ser humano, está certo, mas e na sua condição? O que se pode esperar de uma criança gerada no mais hediondo dos pecados?
Mas tudo neste mundo de Deus tem um fim, até mesmo a maior das vergonhas e o pior dos remorsos. Especialmente quando se sente o primeiro chute da criança. Então a gente se transforma. Por isso, agora, vigiava todos os movimentos do pai, movimentos de gato traiçoeiro.
Quando sentiu no corpo o visgo da umidade fria do temporal estava com muito sono, olhos areentos, braços pesados. O pai ainda estava no seu quartinho, sentado na cama, fumando. Ela sabia que só poderia dormir depois de ouvir o estralejar do colchão de palha sob o magro corpo do seu pai. Poderia então relaxar um pouco, dormir o sono inquieto dos que temem uma armadilha. Depois de um primeiro sono, breve e profundo, dormiria outros, mais demorados, porém mais leves. Acordaria, então, ao menor movimento do homem que vigiava. Sabia que a cada dia tinha de redobrar os cuidados, mas a sucessão das vigílias sem incidentes a esgotara. Por isso, naquela noite, não escutou nem o serrote nem o martelo.
Foi acordada pelo pai, que tinha o mesmo rosto fechado do dia em que lhe morrera a mulher.
– Vamos!
Permaneceu calada por uns instantes, seus sentidos captando toda a noite ao redor: a chuva grossa, o rugido dos trovões, o silêncio da casa adormecida, a respiração ofegante do pai, o frio que penetrava pela porta aberta da cozinha e o cintilo dos raios entrando pelas frestas. Ruim mesmo era o que não via nem ouvia, o horror que pressentia escondido no convite.
– Vamos pra onde?
O homem não respondeu. A filha notou então que ele estava com a cinta na mão. Apanhara muito antes de ter sua primeira regra, estava acostumada, mas naquela noite notou que a fivela de ferro pendia na ponta da cinta dobrada ao meio. Levantou-se. Não podia apanhar, não por ela, mas pela criança. Como era mulher, insensivelmente, ajeitou os cabelos. O sono se fora e o cansaço também. Alguma coisa tinha de ser feita e ela a faria, o mais depressa que pudesse, porque a criança tinha que voltar para o quente da cama. Enfiou a capa de oleado.
Saíram para a chuva.
A nesga de luz que fugia pela porta da cozinha iluminava a cruz.
*
O dia se insinuava por trás da lagoa quando o padre e o comerciante entraram no casebre.
Na sala, viram a mocinha deitada no sofá que usava como cama, o rosto virado para a parede, o cobertor cinzento moldando-lhe as curvas do corpo.
Passaram ao quarto. Afundado na cama, o rosto tisnado destacando-se contra o branco do travesseiro, o pescador parecia ainda mais magro e triste. Seus olhos, pequenos e duros, luziram, entre raivosos e resignados, ao ver os visitantes.
O padre ajoelhou-se ao lado da cama e, sem olhar diretamente para o pescador, perguntou-lhe se queria se confessar.
O comerciante tomou a palavra:
– Ele não deu um pio na vinda até aqui, padre. No geral, ele quase nunca abre a boca. Acho que agora não vai falar nada.
– Mas eu preciso saber exatamente o que aconteceu, pra perdoá-lo.
Cabeça abaixada, mãos unidas, o sacerdote parecia rezar.
Depois de um fundo suspiro, o comerciante voltou a falar:
– O pobre vivente não mexe um só dedo. É como eu lhe disse, padre. Ele deve de ter quebrado o espinhaço quando caiu de cima do barranco. Como é que pode um homem ficar louco de uma hora pra outra? Onde ele foi buscar a ideia daquela cruz…
– Cruz? – indagou o padre. Era um homem jovem e bonito. Cabelos negros, olhos índios, pele amorenada.
– Eu já não lhe falei na cruz? Ela estava cravada no chão no alto daquele barranco que tem ali na curva da estrada. Uma cruzona de mais de dois metros.
O pescador voltou o rosto para a janela fechada, desinteressado dos homens que o ladeavam.
Depois de uma breve pausa, o comerciante recomeçou a contar, com a mesma ênfase caótica, a desencontrada história que iniciara ao bater na porta da sacristia.
– Como lhe disse, eu estava voltando pra casa, porque não consegui ir até a cidade. Eu queria comprar combustível. Bem, quando cheguei na ponte sobre o arroio, vi que a água já estava cobrindo tudo. Aí, pensei cá comigo: estamos ilhados de novo. E comecei a voltar. Eu vinha até meio desatento, xingando Deus e o mundo. Estava muito escuro ainda. De repente, um raio mais forte alumiou tudo e eu pude ver aquela barranca bem alta perto da margem da lagoa. É tudo pelado lá em cima, sem uma árvore, porque o vento não deixa nenhuma semente se criar naquele ponto. Na beira do barranco, eu vi a cruz.
O comerciante persignou-se.
– De início, tive medo, seu padre. Cruz é coisa de Deus. Depois, em seguida, me atentei pra uma outra sombra. Parecia gente acocorada. Parei o jipe e fiquei olhando a escuridão, mas, aí, quando veio outro raio, vi mesmo a cruz e aquilo outro que devia de ser uma pessoa.
Cabeça inclinada, o sacerdote observava atentamente o homem que falava.
– Saltei do carro. E me botei a patinar no lodo da encosta em direção ao alto da barranca. Penei uma barbaridade pra subir. Veja, um homem da minha corpulência! Lá, em cima, encontrei a guria ajoelhada diante da cruz, de mãos postas, rezando. Parecia em estado de choque, a coitadinha. Comecei a falar com ela. De início, ela não dizia coisa com coisa. No chão, eu vi uns pregos grandes e um martelo. Aos poucos, ela foi se acalmando. E falando. Então eu entendi o caso. O pai queria crucificar a pobrezinha. Mas ela se defendeu, e acabou jogando ele lá de cima do barranco. Bah, estava um frio bárbaro lá no alto! Aí, peguei ela pela mão e, resvalando, descemos a ribanceira. No jipe, passei uma manta por cima dela.
O comerciante fez uma pausa. Sabia que tinha toda a atenção do padre.
– Depois de acomodar a guria, saí do carro e, de lanterna em punho, me fui procurar o pai. Não demorou nada. Mal meti o facho de luz nas macegas, eu vi esse pobre homem aí – com um gesto do queixo trêmulo, apontou o pescador – caído no chão, estatelado, os braços abertos. Arrastei o coitado até o jipe. Era um peso morto, um saco de batatas. E aquela areia fofa da praia cansa demais as pernas da gente. Deitei ele na traseira e pensei cá comigo: deve de ter caído de ponta-cabeça e arrebentado o espinhaço, não escapa de ficar paralítico.
Pelas frestas da janela fechada entravam os primeiros raios grises do dia.
– Aí, quando eu ia dar a partida no carro, a manta caiu de cima dos ombros dela. Fui ajeitar. Senti então uma coisa gosmenta nos meus dedos. Foquei a lanterna e vi. Era sangue mesmo. Devia de ser de carregar a cruz nos ombros. Mas será que tinha levado a cruz daqui até lá, estirão de uns dois quilômetros? Perguntei, mas ela não me respondeu. Só gemia. Aí, me vim, desembestado, pra cá. Mas o pior aconteceu aqui, na chegada. Quando descia do carro, ela fez água. Muita água. Aí, eu entendi que ela estava prenha. Devia de ter arrebentado a tal de bolsa. De modos que o parto é coisa pra logo, pensei. Larguei eles por aqui e fui correndo chamar o senhor. Veja, seu padre, uma guria que nem quinze anos tem!
Depois de renovar o ar dos pulmões com mais um largo suspiro, o comerciante voltou a falar.
– É como dizia minha mãe: em casa de pobre, o pão cai sempre com a manteiga pra baixo. O pai endoidou, quis pregar a filha numa cruz. A guria empurrou ele de cima do barranco e o coitado, agora, na certa vai ficar paralítico. Já a guria, pelo lado dela, está buchuda e resolveu parir justo quando estamos ilhados, justo quando não temos como chegar ao hospital.
O homem interrompeu a narrativa ao mesmo tempo que um sorriso malicioso corria-lhe pela carantonha.
Lentamente, agachou-se ao lado do sacerdote e sussurrou-lhe no ouvido:
– Sabe o que me passou pela cabeça?
– Não! – respondeu o padre, sobressaltado.
– Que a guria foi embarrigada pelo próprio pai. Ele sempre foi meio maluco, mas piorou depois que a mulher dele morreu. Deve de ter abusado da filha. Aí, quando viu que ela estava barriguda, revolveu crucificar.
– Vá correndo buscar a parteira! – disse o sacerdote e se pôs de pé.
*
A mocinha permanecia na mesma posição.
Perto da porta, olhando o homem gordo que se afastava, o padre perguntou, voz quase inaudível:
– Contaste pra alguém?
Ela voltou seus olhos para ele. Uns olhos que estampavam um rancor duro. Os olhos do padre desceram para o chão.
Devagar, ela se sentou. Depois, colocou os pés no chão. Levantou-se. Caminhou na direção dele. Seus pés nus deixavam marcas de sangue no piso de tábuas.
O padre recuou um passo.
A guria sentia-se maior e mais forte do que ele. Havia carregado a cruz por toda a longa estrada, havia aguentado as chibatadas sem gritar, havia suportado o corte das pedrinhas nos pés descalços. Depois, lá em cima, havia tido forças para empurrar o seu próprio pai barranco abaixo.
Pesando tudo, era uma pessoa muito forte. Certamente conseguiria criar sozinha o filho que tinha no ventre, não precisaria da ajuda do homem que a havia deflorado.
– Fora daqui, seu porco! – disse ela e empurrou o sacerdote para a luz suja de mais um dia chuvoso.
Lourenço Cazarré é escritor
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