Aproveitar os feriados de Dezembro é algo muito apetecível, especialmente quando conseguimos transformar um fim-de-semana de dois dias num prolongado de quatro.
Continuando na preparação da época mais maravilhosa do ano, depois da visita à Aldeia do Pai Natal, na Lapónia, melhor, só visitar o Mercado de Natal Rei – Colmar na Alsácia.
Nesta viagem, passei pelo Festival das Luzes de Lyon, Eguisheim, Colmar, Dijon e Vinhas da Borgonha.
Quando decidir visitar os Mercados de Natal, convém lembrar que centenas de pessoas têm a mesma ideia, seja pela época ou pela grande promoção dos destinos pelas agências de viagens. Neste sentido, convém marcar com a devida antecedência e, de preferência alternativas a meio caminho dos locais a visitar.
Tudo o que seja no centro das cidades está a preço de época excepcional, ou seja, mais alto que na época alta. Se tiver de escolher entre o fim-de-semana de 1 de Dezembro ou de 8 de Dezembro, não hesite e marque a 1 de Dezembro, pois no de 8 também é feriado em Espanha, França e Suíça, o que faz com que a visita aos mercados seja apetecível a muita gente.
O voo de Lisboa saiu cedo, o que fez com que chegássemos a Lyon mesmo a tempo de um tradicional “petit-déjeuner” francês. Baguetes do melhor que há, sumo de laranja natural, café com leite e “pain au chocolat”. Depois do retemperante pequeno-almoço estávamos preparados para conhecer a cidade.
Começámos o circuito na Praça Bellecour, o coração de Lyon, onde os habitantes se reúnem para todo o tipo de eventos. Ali vemos a estátua de Luis XIV a cavalo. Seguindo pela Rua Emile Zola, começámos por uma das praças mais bonitas de Lyon, a Place Jacobins, continuámos pela Rua Jean Fabre e chegámos à Praça Celestins, com o magnífico teatro italiano Celestin.
Atravessámos a ponte Bonaparte, que permite atravessar o rio Saône para chegar ao coração do bairro medieval e renascentista, também conhecido como Vieux Lyon. Ali, começámos por visitar a Catedral de S. João Batista, de arquitetura Gótica, com a sua gigantesca rosácea, gárgulas e os elementos decorativos deste estilo arquitectónico. Subimos depois até à colina de Fourvière, onde a imponente Basílica de Notre-Dame de Fourvière nos recebe de braços abertos.
A Basílica foi construída em agradecimento à Virgem, por ter poupado Lyon da invasão prussiana em 1870. O interior da Basílica é de uma beleza que não estávamos à espera. Majestosa, rica e bela. Dali seguimos para o Lugdunum, um grande teatro romano do século XV a.C., o Templo de Cybele, Odeon que preserva alguns dos seus belos mosaicos.
Se estiver com vontade de almoçar, o restaurante Christian Tedoie é um bom plano, pois oferece a “formule déjeuner” com uma cozinha gourmet, num terraço panorâmico com vista para Lyon.
Depois do almoço, fizémos a escalada em Gourguillon, descendo a Rue Pierre Marrion, virar à esquerda na Rue des Farges para entrar na escalada Gourguillon, rua pouco conhecida pelos turistas, uma das ruas mais antigas de Lyon com os seus paralelepípedos e as suas casas medievais do século XV.
Chegando à “Vieux Lyon”, tempo de petiscar nos mercados de comidas e vinhos quentes, para quem gosta e ver as muitas opções para compras de Natal. No final do dia, começa o evento mais importante da cidade, o Festival das Luzes de Lyon, onde os edifícios são iluminados com momentos da história da cidade e de França. Terminar o dia com um passeio na Roda Gigante, ver Lyon toda iluminada foi a cereja no topo do bolo.
No dia seguinte, retomámos a “Vieux Lyon” para percorrer os traboules, pequenos trechos característicos da cidade que permitem passar de uma rua para outra ou de um bairro para outro. Lyon tem mais de 300 e são verdadeiras atrações turísticas. Partilho a lista dos mais visitados para umas horas divertidas pelas ruas de Lyon: Rue Royale – Quai Lassagne; pequena Rue des Feuillants – Lieux Tolozan; 2 Lieux de Terreaux; 4 Rue Désirée – 7 Rue Puits-Gaillot; 3 Lieux Louis Pradel – 1 Rue Luigini; 5 Rue Joseph-Serlin – 2 Lieux Louis Pradel; 13 Rue de la Poulaillerie – 2 Rue des Forces; Passage de l´Argue; 2 Rue Charles – Dullin – 1 Rue Gaspard-André.
De Lyon, seguir para a região dos vinhos da Borgonha, e a menos de duas horas temos o Clos de Vougeot, a maior vinha Grand Cru da Borgonha. A história destes vinhos nasce com os monges cistercienses, cuja ordem foi única proprietária até 1789 quando, durante a revolução francesa, foi tomado como bem nacional. O castelo “Château” de Clos Vougeot foi erguido por volta de 1551 recebendo durante anos visitantes ilustres como Luís XIV.
O “Château” foi danificado na II Guerra Mundial e depois restaurado. Hoje, é propriedade da confraria “Chevaliers du Tastevin”, fundada em 1934 para promover os vinhos da Borgonha. Ali podemos escolher entre visita, incluir prova de vinhos e até almoço. Visitar esta região com paisagens deslumbrantes, património da Unesco deve fazer parte desta viagem.
Seguimos para o nosso alojamento, no campo francês para ficarmos próximos da nossa próxima paragem: Eguisheim e Colmar.
Acordar junto a um rebanho de ovelhas, com os campos de neve, é um sinal muito auspicioso de um dia feliz pelos mercados de Natal da Alsácia. Em menos de duas horas, chegámos a Eguisheim, uma pitoresca vila da Alsácia, considerada vários anos como a vila francesa preferida pelos franceses.
Parece que, no Verão, a sua beleza é sem igual, com as janelas e portadas enfeitadas com flores, mas, no Inverno, a sua a beleza faz jus ao título. Esta vila de casas coloridas é uma das cidades mais românticas e faz parte da rota dos vinhos da Alsácia.
O mercado de Natal abrange toda a cidade, além das casinhas montadas para o efeito, as lojas estão com as montras decoradas a preceito e tudo é muito bonito. Ali nasceu o Papa Leão IX e, por isso, a praça principal tem a sua estátua.
Por detrás, encontra-se o “Chateaux” da cidade e a Igreja do Papa. Um bom exemplo de vila da Alsácia bem organizada e que gostei muito de passar. Almoçámos uma boa sopa quente e seguimos para Colmar, o Rei dos Mercados de Natal.
Quinze minutos é o tempo que separa Eguisheim de Colmar e, quando chegámos, percebemos a diferença de dimensão desta vila Natal para a anterior. Todos os parques de estacionamento estavam completos e restou-nos dar algumas voltas e esperar que algum carro saísse.
Estacionamos e fomos para o centro da cidade que estava o caos. A última vez que me lembro de ver tanta gente foi em Macau, nas ruelas a caminho das Ruínas de São Paulo, onde as pessoas não tinham espaço de circulação. Ainda assim, com toda a confusão seguimos o nosso plano. Situada entre vinhas, casinhas típicas, canais e com um encanto sem igual, Colmar parece tirada de um conto de fadas e colocada na belíssima Alsácia.
A proximidade de Colmar com a Alemanha e Suíça faz com que este destino de Natal seja muito desejado nesta altura.
E para quem esteve há pouco tempo na Lapónia, tenho a dizer que, Colmar não fica nada atrás. Só não vi o Pai Natal, mas de certeza que andava por lá. Os divertimentos eram tantos e as casinhas de venda de Natal, uma mais bonita que a outra.
Passeámos pela Praça da Catedral e o Colegial Saint Martin, a Maison Adolph de 1350, a Grand Rue, a Igreja de S. Mattieu, a Maison Pfister, a Rue des Boulangers e a Rue de Serruriers, a Maison des Têtes, a Rue des Clefs, a Maison Koifus (Alfandega), um mercado com feira de Natal no interior, a Quai de la Poissonnerir, o Quartier de Tanneurs, o Café de la Lauch e a Little Venice de Colmar.
Tudo é bonito em Colmar e estava a nevar. Melhor, só se estivesse tudo a ver o jogo Portugal – Marrocos e deixassem a cidade com menos gente! Mas ainda assim, o título de Rei dos Mercados de Natal é de Colmar, não tenho uma dúvida.
Terminámos o dia com uma tarte flambée doce, uma especialidade típica da Alsácia, antes de seguirmos para a próxima paragem.
Debaixo de um grande nevão, começámos a viagem de regresso até ao nosso próximo alojamento, perto de Dijon, a nossa última paragem.
Dijon, é a capital da Borgonha, internacionalmente conhecida pelas rotas dos vinhos, cidade gastronómica e casa da também mundialmente conhecida mostarda de Dijon. Esta foi a maior surpresa da nossa viagem, uma cidade moderna, bem preservada, com bom gosto, estilos arquitectónicos que vão desde o gótico até ao art déco.
O símbolo da cidade é a Coruja e existe um percurso, “Parcours de la Chouette” que passa pelos monumentos de visita obrigatória da cidade que passo a enumerar: Notre Dame de Dijon; Maison Millère; Hotel de Vogué; Igreja Saint-Michel; Palácio dos Duques e Museu de Belas Artes; Igreja de Saint-Philibert (século XII); Catedral Saint-Bégnine; Place Darcy.
Chegámos cedo, assistimos à cidade acordar e, nem com os -4 graus que se faziam sentir, deixaram de se ver pessoas nas ruas. O percurso da coruja é muito interessante e passa pelos locais emblemáticos. As lojas bem decoradas, os carrosséis, os mercados e músicas de Natal tornaram esta paragem inesquecível.
A loja e Casa de Chá, Comptoir des Colonies é um lugar muito aconchegante para um café guloso “gourmand” e para comprar chás e cafés de todo o mundo. Tivemos ainda tempo para visitar a Maille, a loja mais antiga de mostardas, com possibilidade de degustação e bem a tempo de trazer como lembrança de Natal para os amigos “Gourmand”.
Já no aeroporto de Lyon, a caminho de casa, li esta frase na parede do aeroporto: “Rester c’est exister mais voyager, c’est vivre” (ficar é existir, mas viajar é viver). Não poderia estar mais de acordo.
Feliz Natal e um 2023 com muitas viagens. 😊
Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook e no Instagram.
Dicas da Viagem
Em Setembro, comprar voos Easy Jet: Lisboa – Lyon – Lisboa
Estadia: Hotel Silky by Happy Culture (1ª noite) Pause à la campagne (2ª noite); Les Cottages de la Norge (3ª noite)
Alugar de carro: Rentalcars (procurar com aluguer rodas de neve gratuito ou incluído)
Mala de viagem de cabine: 3 pares de calças; 3 camisolas; cachecol, luvas; roupa interior e roupa interior de neve; botas après-ski; guarda-chuva pequeno; necessaire; venda e auscultadores para dormir no avião.