Esta semana, a nossa imprensa mainstream brindou-nos com um sem-fim de pérolas. Para começar, deu enorme destaque à mortalidade geral em 2022, que praticamente esteve igual a 2021 e muito acima de 2020, anos da terrível “pandemia”, em que grande parte do tempo a população se encontrava “desprotegida”.
Apesar de um processo de vacinação sem paralelo – em particular com substâncias experimentais – e de hospitais com taxas de ocupação bem abaixo de anos anteriores, conhecer as razões de tamanha mortalidade foi, para a nossa imprensa e especialistas, similar ao famoso jogo do livro ilustrado dos anos 80 e 90: Onde está o Wally?
Para o jornal Observador, “parte da resposta pode estar noutras infecções respiratórias e nas ondas de calor no Verão”, acompanhando, desta forma, o novo ministro da Saúde, que atribuía tal desastre aos fenómenos climáticos.
Já para o “especialista” Manuel Carmo Gomes, a “morte por outras doenças pode estar associada, de uma forma indirecta, à covid-19, que atinge uma grande variedade de órgãos”. Estudos que suportem tal afirmação?! Ficámos apenas a saber que, aos poucos, os nossos órgãos podem ser devorados por um vírus, podendo, até, quem sabe, provocar-nos a morte!
Mas o especialista não terminou por aqui, prognosticando que a “mortalidade por covid-19 e outras doenças associadas deverá reduzir nos próximos meses, devido à percentagem da população vacinada, mas esta situação pode ser posta em causa com o surgimento de uma nova variante.” Vai descer, mas pode subir, tudo depende da próxima variante, que, como sabemos, por regra, é sempre pior, mais contagiosa e mortal que as anteriores!
Para terminar em beleza, até tivemos a famosa tirada filosófica: só sei que nada sei! Era assim que a SIC Notícias dizia ter encontrado o Wally: “As autoridades de saúde não apresentam uma explicação concreta para este excesso de mortalidade”; no entanto, fazia-nos manter a esperança, uma espécie de tenhamos fé, já que o “Instituto Ricardo Jorge está a conduzir um estudo aprofundado sobre a mortalidade em Portugal, mas as conclusões ainda não são conhecidas”. Aguardemos. Sentados, de preferência.
Outro dos assuntos que marca esta semana é o “surto” de covid-19 que assola a China, iniciado a partir do abandono da política de covid-zero – há semanas era a luta pela liberdade, mas agora, aparentemente, um erro de proporções bíblicas.
A agência Lusa noticiava desta forma pungente o que se passava na cidade de Xangai: “Em dois hospitais da cidade, a Agence France-Presse viu hoje centenas de pacientes, a maioria idosos, deitados em macas, dispostas nos corredores de serviços de emergência saturados”.
Não há nenhuma fonte, base de dados, órgão oficial… Nada, apenas uma equipa de jornalistas que viu, mas não mostrou. Viu que tudo se encontrava num caos, viu idosos desesperados que se dispunham ao longo de corredores. Além de verem sem mostrar, tomem nota: terão visto dois hospitais (0,5%) e tiraram logo a conclusão de que se trata de um grave surto, numa cidade com 26,3 milhões de habitantes, que terá em torno de quatrocentos hospitais.
Continuando com o relato: “Muitos estão a receber infusões de soro fisiológico ou ligados a cilindros de oxigénio ou com monitores cardíacos. A maioria está enrolada em cobertores e vestida com casacos grossos ou gorros. Alguns pacientes parecem não ter vida. Outros são atendidos fora do prédio, na calçada, devido à falta de espaço no interior das instalações.”
Reparem: em tempos, o vírus era mortal; para evitarmos a morte, tínhamos de manter o “distanciamento social”, mas agora, aparentemente, esse risco desapareceu, atendendo que os jornalistas entram nas salas onde estão os pacientes com a “peste negra”, ainda mais num país de passos controlados.
Ou, se calhar, engano-me, pois os jornalistas podiam estar protegidos com as substâncias experimentais salvíficas e aproximar-se, sem medo, para escutar a “tosse, gemidos e respiração ofegante” dos idosos que se espalhavam pelos corredores da morte dos hospitais de Xangai. Não tenhamos dúvidas: na China, um surto covid-19 é um facto que não levanta quaisquer dúvidas. Quem duvidar é seguramente um negacionista.
Para nos proteger desta catástrofe amarela, as autoridades europeias – leia-se, Comissão Europeia – começaram a propor “medidas”, como seja o regresso das fraldas faciais nos voos procedentes da China. No fundo, era apenas alargar o tempo de uso das mesmas pelos chineses, já que, por lá, as carregam a toda a hora e não custaria nada levá-las por mais umas horas num avião – nem parece tão insensato; juro, é sincero!
Note-se que em Dezembro de 2020 a Organização Mundia de Saúde (OMS) tinha-nos garantido que “são limitadas e variáveis as evidências científicas que corroboram a eficácia do uso de máscaras por pessoas saudáveis na comunidade com o intuito de prevenir a infecção por vírus respiratórios, incluindo SARS-CoV-2. Um grande estudo randomizado, de base comunitária, no qual 4.862 participantes saudáveis foram divididos em um grupo que usou máscaras cirúrgicas e um grupo controle, não encontrou diferença na taxa de infecção pelo SARS-CoV-2. “
Não são só de medidas destas que fala a União Europeia, também propôs oferecer “vacinas à China… a fim de ajudar o governo de Pequim a conter um surto da doença”. Estranho! Há meses, uma executiva da Pfizer, o principal fabricante das salvíficas “vacinas” do mundo ocidental, admitia em pleno Parlamento Europeu que a “vacina” contra a covid-19 nunca tinha sido testada para prevenir a transmissão.
Temos duas hipóteses: ou mudaram de opinião ou pretendem perpetuar a sua galinha dos ovos de ouro, em modo delegado propaganda médica. O jornalismo mainstream não nos esclarece.
Para terminar, a pérola final: tivemos o aparecimento da subvariante BQ.1.1, obviamente, e como sempre, “significativamente mais resistente às vacinas bivalentes actualizadas”, conclusão obtida com um estudo – atente-se –, em 29 pessoas! Trata-se, segundo a notícia, da “Neta da Ómicron”, certamente, e sem quaisquer dúvidas, mais perigosa que a sua Avó.
A notícia é rematada da seguinte maneira: “Mantenha a calma e evite deslocar-se aos hospitais”. Para o jornalismo mainstream, não há nada como morrer em casa.
Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário
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