A partida de um comboio da China directo para a Europa é uma má notícia, ao contrário do que se poderia imaginar. O comboio, com 100 contentores carregados de mercadorias Made in China, está avaliado em 10 milhões de euros. Serão menos 10 milhões de euros de produtos fabricados na Europa.
A automatização e a deslocalização da produção matará em breve a matriz civilizacional europeia. Os europeus perderão ainda mais postos de trabalho e nem sequer terão dinheiro para pagar 1.5 euros por um jornal diário, como já acontece.
A China enviará 500 destes comboios por ano para Europa.
O cidadão comum bate palmas por poder comprar “pechisbeques” e certas indústrias comilonas rejubilam por adquirirem peças ao preço da uva mijona.
Europa tem de ser auto-sustentada.
O trabalho não é um direito vago. É um factor social agregador. Um elemento essencial para a saúde mental e sobretudo para a continuação de uma civilização notável de cariz judaico-cristão, com pitada de islamismo.
O comércio é necessário, claro! Os portugueses abriram até grandes rotas ao Mundo. Mas a Europa tem de procurar a sustentabilidade.
Caso contrário cairá no nosso fatídico buraco da crise de 1383-1385. Quando não tínhamos liderança, morríamos de peste, éramos invadidos de estranhos, definhávamos de fome e não sabíamos da esperança.
Mandemos de volta os comboios chineses. Deixamos de ser preguiçosos e também de sustentar meia dúzia de comilões sem pátria, que querem morrer podres de rico.
José Ramos e Ramos é jornalista (CP 214)
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