PLANANDO NA TERRA REDONDA

A caminho do Árctico: dia 6, Tromsø e Helsínquia

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O dia começou ainda em Tromsø , cidade também remota da Noruega. Mas a expectativa do dia, e do final desta aventura, era Helsínquia – a minha primeira visita à Finlândia. Venham comigo nesta última etapa desta viagem memorável.


8 horas da manhã. Já estava tudo preparado para a última etapa da viagem. Antes de ir para o aeroporto, passeie pela última vez pela pequena Tromsø , aproveitando o dia de sol.

As lojas começavam a abrir. Os funcionários das lojas acenavam-nos dando os bons dias. Uma cidade pacata e com pouca gente. Passei pela catedral que continuava fechada. Só abre no Domingo para a celebração da missa. É bonita e é, talvez, o edifício mais alto de Tromsø .

Dali apanhei o autocarro 42 que me levaria ao aeroporto. O aeroporto também é pequeno e as portas do Terminal ainda não tinham sido abertas. Aguardei um pouco até podermos entrar.

Procurei uma loja de lembranças para comprar o meu íman de frigorífico – compra habitual quando visito um lugar pela primeira vez -, mas o aeroporto não tem. Apenas se encontravam à venda produtos tax free, bebidas, chocolates, produtos de beleza e pouco mais. Teria de ficar para uma próxima visita, pois desta segui sem íman.

No avião, que seguia diretamente para Helsínquia, aproveitava para terminar a leitura do meu livro, quando surgiu uma zona de turbulência. Com as milhas que tenho em carteira, já apanhei muitas zonas de turbulência, mas nunca como esta. É uma nuvem do Árctico, disse o comandante! “Mantenham os cintos apertados”.

Comecei a ficar com náuseas e muito calor, liguei o ar e olhei para o relógio, sem olhar à minha volta pois é essa a melhor forma de controlarmos a ansiedade, não sendo influenciada por pessoas assustadas. Contei oito minutos e tudo ficou mais calmo.

Aterramos em Helsínquia, saímos e fui direta ao check-in para adiantar o meu voo de regresso a Lisboa, antes de sair para o centro da cidade. Tinha quatro horas para ver o máximo possível. Quando terminei o check-in recebi um voucher da Finnair para gastar nos restaurantes do aeroporto. Achei estranho, mas simpático.

Quando olhei para o ecrã, com as portas de embarque vi que o voo estava atrasado: “informação sobre horário apenas às 20h00”. Mas que boa notícia! As quatro horas passaram a sete horas e assim poderia cumprir o programa inicialmente preparado. Tudo estava a correr bem!

Comprei o bilhete de comboio que em 30 minutos me deixaria na Estação Central de Helsínquia. Dali iria visitar os principais pontos de interesse da cidade.

Na estação, procurei cacifos para poder deixar a mochila e o casaco de Inverno, mas não encontrei. Decidi propor a um comerciante chinês , se me deixava pousar a mochila e o casaco por seis horas em troca de cinco euros. Aceitou!

Segui feliz e contente em direção à Catedral de Helsínquia, luterana, conhecida como a Igreja de São Nicolau. Entrando na Catedral, notei a simplicidade decorativa das igrejas luteranas. Apenas o seu belíssimo órgão de tubos, um lustre no centro e um quadro alusivo à Paixão e Morte de Jesus.

Descendo a escadaria íngreme da Catedral, cheguei à Câmara Municipal de Helsínquia, um bonito edifício com muitas flores a adornar o exterior. Atravessei e vi o Mar Báltico. No lado direito, o mercado municipal, como em várias cidades da Europa, renovado para ser um centro de restaurantes e algumas lojas gourmet. Ali sentei-me e pedi um Cappuccino. Fiquei a observar os finlandeses. Têm um estilo arrojado e, especialmente, as mulheres são muito produzidas: saltos altos, muita maquilhagem e roupa de Verão nuns 16 graus que pareciam mais frios que em Svalbard. “É do vento que chega do Báltico”, disseram-me, quando referi que estava frio.

Seguindo junto ao mar, contornei a estrada para visitar a Igreja Ortodoxa e dar uma volta na Roda Gigante de Helsínquia, um divertimento que nos proporciona as melhores vistas da cidade. Mesmo por baixo e junto ao mar, vi a Alla Sea Pool. Inaugurada em Setembro de 2016, o complexo está equipado com três piscinas construídas sobre o mar: uma piscina infantil, uma de água morna e uma de água salgada. Se visitarem Helsínquia no Verão, recomendo que aproveitem uma tarde nesta espécie de clube balnear, em cima do Mar Báltico.

Continuando a minha visita pela capital finlandesa, atravessei o Parque Esplanadi e, do lado direito, além de bonitos hotéis e restaurantes, existe uma galeria comercial que chamou a minha atenção, com as suas muitas flores e montras atrativas. É a galeria comercial Kampi. Para os que gostam de fazer compras, sugiro a visita (já perceberam que sou das que não compra nada pois, ou viajo ou compro coisas. E, como é óbvio, vejo maior riqueza e dinheiro bem gasto, nas viagens).

As ruas são bonitas, edifícios antigos e modernos vivem em perfeita harmonia, os elétricos de várias cores também mostram o seu charme. Segui para visitar o Parlamento, um edifício impressionante, como quase todos os edifícios parlamentares europeus.

Fiz uma pausa para almoço. Gosto da esplanada do Storyville e só lá estavam clientes locais. É o meu género de restaurante, nada turístico e com serviço rápido. A conta vem em euros e senti-me mais perto de casa.

Ainda no centro da cidade, procurei a Capela Kampi, também conhecida como a capela do silêncio. Como não tinha visto imagens, fiquei surpreendida quando vi o edifício. É uma obra de arte, uma capela redonda, cor de laranja e bem no centro da confusão de Helsínquia. É um convite à paragem, desaceleração e silêncio na rotina atarefada e sem tempo.

Gostei muito desta capela, não apenas pela originalidade, mas pelo apelo a receber todos os que procurem recolhimento e, de certa forma, algum reconforto no seu dia. Um portal para a espiritualidade.


Olhei para o meu roteiro, já só faltava a visita ao Teatro Opera e lá fui eu, antes de regressar à Estação Central que me levaria de volta ao aeroporto e a casa.

Helsínquia, a capital escandinava que me faltava conhecer e uma muito boa surpresa. Por um lado, os seus traços evidentes de capital do Norte da Europa, por outro, um pouco de São Petersburgo pela proximidade.

As pessoas são menos disponíveis, andam com muita pressa e sem tempo a perder ou, a ganhar, digo eu.

Esta cidade é um ponto de partida para quem se aventurar numa visita pelas capitais do Báltico, que será uma viagem que farei um dia destes.

Agora, era tempo de regressar a casa, abraçar a família e retomar as rotinas diárias que tanto gosto, encontrando sempre tempo para fugir delas e conhecer novos lugares, mesmo e, principalmente os que ficam perto de casa. Aventurem-se também!

Até breve!

Raquel Rodrigues é gestora, viajante e criadora da página R.R. Around the World no Facebook e no Instagram.

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