EDITORIAL

Facebook: a rede (de condicionamento) social que é uma máquina de descredibilização do jornalismo independente

Editorial

por Pedro Almeida Vieira // Março 20, 2023


Categoria: Opinião

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O PÁGINA UM é um órgão de comunicação social regido pela Constituição Portuguesa, e cumpre os preceitos da lei portuguesa, não tendo, até à data, cometido qualquer tipo de de irregularidade e ilegalidade.

Ao invés, o PÁGINA UM tem sido, largamente, o órgão de comunicação social português que mais tem recorrido para acesso a informação escondida por entidades públicas, incluindo Governo, sendo prova disso os diversos pareceres favoráveis da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) e as intimações no Tribunal Administrativo. Lembremo-nos, a propósito, que o PÁGINA UM até já venceu um destes processos contra o Conselho Superior da Magistratura (que entretanto recorreu).

Facebook wall decor
Tecnológicas como a Meta (Facebook) aplicam ferramentas de censura sob o disfarce de bloquear desinformação.

Tenho, como director do PÁGINA UM, seguido escrupulosamente as regras éticas e deontológicas da profissão, mas sem divergir da linha de independência e de denúncia, mesmo quando envolve outros órgãos de comunicação social ou as entidades que regulam os media (ERC e CCPJ). Não me surpreende assim que haja ataques dessas entidades e nenhuma solidariedade por parte dos media face aos ataques a que estamos sujeitos. Se os criticamos, não podemos depois lamentar a falta de apoio.

Na última semana tem-se intensificado a censura do Facebook, onde se mostra evidente que já não é apenas exercido por um “cego” algoritmo. A divulgação de duas notícias verídicas, confirmadas e confirmáveis, foram banidas pelo Facebook sem sequer dar uma hipótese de se recorrer nem fazer qualquer exposição.

Uma das notícias banidas é sobre o processo de intimação do PÁGINA UM no Tribunal Administrativo de Lisboa contra o Infarmed. O nosso “crime”, para o Facebook, será estar a lutar nos tribunais pelo acesso a informação sobre reacções adversas das vacinas contra a covid-19 e do antiviral remdesivir. Para o Facebook, a notícia do PÁGINA UM constitui “desinformação com potencial para causar danos físicos“.

Para o Facebook, um jornal português lutar no Tribunal Administrativo de Lisboa pelo acesso ao Portal RAM que contém informações anonimizadas sobre reacções adversas das vacinas contra a covid-19 e do antiviral remdesivir constitui um acto de “desinformação com potencial para causar danos físicos“, ameaçando com restrições e desactivação da conta.

A outra publicação do PÁGINA UM banida pelo Facebook foi o podcast da jornalista Elisabete Tavares sobre as declarações do ministro alemão da Saúde, Karl Lauterbach, na passada semana. Os efeitos adversos das vacinas têm sido um tema de crescente interesse na Alemanha, como se pode verificar na cobertura do tema pela ZDF.

Entretanto, há cada vez mais leitores que divulgam as nossas notícias e que têm recebido castigos do Facebook por causa disso.

Sei qual o objectivo: criar um selo de desqualificação do PÁGINA UM, considerar o PÁGINA UM de site de desinformação.

Comentários a declarações de ministros? O Facebook censura.

Não permitirei isso. Bem sei que esta rede social tem um impacte importante na nossa comunicação – o PÁGINA UM tem quase 20 mil seguidores no Facebook –, mas começa a ser demasiado penalizador mantermo-nos numa rede social que, a cada dia, trata mais de descredibilizar um órgão de comunicação social inteiramente independente do que ajudar na divulgação.

O PÁGINA UM, tendo em conta os seus poucos recursos, não se pode dar ao luxo de esgotar tempo e dinheiro a lutar contra uma rede social que nem sequer tem rosto – não há ninguém sequer a quem se possa expor o que seja.

Por esse motivo, vamos no final do dia de hoje desactivar (veremos se definitivamente) o mural do PÁGINA UM no Facebook.

O jornal continua, obviamente, a sua missão (aliás, estamos numa forte remodelação do design do site, que deverá estar concluída nos próximos dias), pelo que vos convidamos a visitar-nos quotidianamente. Não precisamos do Facebook. Não permitiremos que o Facebook nem outra qualquer empresa sem rosto nem controlo defina o que é verdade, o que é informação. Aliás, convém sempre lembrar-nos que o Facebook é o principal financiador dos conhecidos fact-checkers de origem e rigor muito duvidosos.

Reforçaremos a comunicação através da newsletter (podem subscrever no site) e nas outras redes sociais, nomeadamente no Twitter, no Telegram e no LinkedIn.

Fazemos votos e lutaremos para que a Censura não vença. Damos um passo atrás para, desviando-nos de quem é a favor da obscuridão, avançarmos (e contribuirmos) para um mundo mais transparente.

O jornalismo independente DEPENDE dos leitores

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