Miguel Santos Pereira
"O cérebro punitivo revisitado: do instinto universal à construção cultural"

Na entrevista desta semana a Piers Morgan, Cristiano Ronaldo falou da carreira — já digna do Olimpo, a poucos golos dos mil — e dos negócios que tenta erguer fora dos relvados. Mas se dentro de campo continua a desafiar o tempo, no mundo empresarial o génio madeirense ainda procura o toque de Midas capaz de transformar o seu vasto império em rentabilidade. No ano passado, a CR7, com activos de 148 milhões de euros, lucrou 'apenas' 724 mil euros. Um depósito a prazo daria maior rendimento. E há uma suprema ironia: das 29 subsidiárias, a mais lucrativa foi a Medialivre, que detém o Correio da Manhã e a CMTV, que durante anos o perseguiram com escândalos e intrigas até que Cristiano Ronaldo se tornou accionista de referência.
Brás Cubas observou que há épocas em que a inteligência se recolhe — e escreve sobre Pedro Chagas Freitas: esse pregador de almanaques.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) está a investigar as transacções realizadas na Euronext Lisboa em Setembro passado com acções da Impresa, antes da divulgação do interesse formal da MediaForEurope (MFE) — grupo controlado pela família Berlusconi — em assumir o controlo do grupo de media fundado por Francisco Pinto Balsemão, recentemente falecido. Em causa estão eventuais crimes de abuso de informação privilegiada ('insider trading').
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A ERC vai comunicar ao Ministério Público um crime de desobediência qualificada do gerente da promotora Free Music, Bruno Dias Simões, por ter ignorado uma deliberação vinculativa que obrigava à acreditação do director do PÁGINA UM num evento público. O crime é punível com pena de prisão até dois anos, à qual acresce o crime de obstrução à liberdade de imprensa, punível até um ano de prisão. A atitude do gerente da promotora poderia ter levado à sua detenção imediata.
Uma investigação do PÁGINA UM às contas dos últimos quatro anos da 10 Events, principal empresa do universo de Rui Costa, presidente do Benfica, revela activos artificialmente inflacionados e créditos sobre os sócios de 1,66 milhões de euros, que poderão ter servido para mascarar o colapso financeiro ou até para conceder empréstimos aos próprios sócios à custa do endividamento — incluindo bancário — da empresa. Fundada em 2016 e detida em 70% pela holding familiar de Rui Costa, a 10 Events viu, entre 2021 e 2024, mostra sinais de insolvência manchada por expedientes contabilísticos pouco ortodoxos.
Mais do que um marco editorial, é um gesto de afecto. Brás Cubas — a célebre personagem de Machado de Assis — analisou, com mordacidade e sátira, a política e a sociedade portuguesas do século XXI. Cerca de cinquenta dessas crónicas, revistas e editadas, deram forma à obra 'Correio Mercantil de Brás Cubas', agora à venda. Conheça uma amostra no interior e compre na loja do PÁGINA UM. A segunda temporada está em curso.
O concerto dos Leprous foi ouvido apenas com o espírito: a promotora Free Music preferiu violar a lei e impedir o trabalho jornalístico. Ironia das ironias, acabou por inspirar a crítica mais singular — a de um concerto que não se viu, mas sentiu.
Isaltino Morais abriu o seu terceiro mandato com uma “gala de posse” digna de festival televisivo: alugou um auditório à Federação Portuguesa de Futebol por quase 75 mil euros, sem contrato escrito e ao abrigo de uma excepção do Código dos Contratos Públicos reservada a pequenas aquisições. Em vez de usar espaços municipais gratuitos, o autarca escolheu pagar — e bem — à FPF Events, empresa com capital de um euro. O Governo apadrinhou o evento.
Quando não se aprecia o debate livre e a crítica, há quem use todos os estratagemas para 'eliminar' o incómodo. É o que o Público anda a fazer.
Tiago Salazar escreve sobre um país entregue à incúria e à ganância: rendas impossíveis, tuks sem regras, desastres evitáveis e uma classe política que nada vê. Entre merceeiros e mercenários, a raiva é já o último sinal de lucidez colectiva.
Há 102 dias, 21 horas, 40 minutos, 45 segundos
que a Global Notícias devia ter as suas contas entregues.
Mas prefere perguntar pelas do PÁGINA UM.
Os municípios da área do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra podem considerar-se privilegiados: recebem agora a juíza Telma Nogueira, que em Lisboa conseguiu a proeza de conduzir ao longo de 34 meses um processo de intimação do PÁGINA UM contra o Ministério da Saúde — relativo ao acesso aos contratos das vacinas contra a covid-19 — sem jamais decidir. Produziu 31 despachos, prolongou sucessivos prazos, pediu traduções desnecessárias e expurgos, mas nunca proferiu sentença.
Miguel Santos Pereira

Pedro Almeida Vieira

Luís Gomes

Luís Gomes

A vacinação contra a covid-19 entrou em declínio entre os mais velhos: em apenas dois anos, a cobertura caiu em todos os grupos acima dos 60 anos, enquanto a vacina da gripe mantém estabilidade e confiança. A análise do PÁGINA UM aos dados da DGS mostra que o Índice de Paridade Vacinal desabou 25%, sinalizando o fim do ciclo pandémico entre os idosos. Já quanto à vacina da gripe nos bebés, por agora, menos de um em cada cinco pais a aceitou.
Num caso em que o 'xerife' se tornou um "fora-da-lei", a Autoridade Tributária continua a sacar ilegalmente mais-valias a herdeiros, metendo a lei e um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo debaixo do tapete. Decisões recentes de tribunais arbitrais dão razão a contribuintes lesados. A DECO também tem recebido pedidos de ajuda de herdeiros lesados pelo Fisco. que criou um "faroeste" em torno da cobrança de mais-valias na venda imóveis detidos parcialmente por via de herança.
A Global Notícias, empresa que detém o Diário de Notícias, está a ser alvo de processos em catadupa por dívidas superiores a 571 mil euros. Só este mês de Outubro, o grupo de media, que tem ainda 30% da Notícias Ilimitadas (proprietária do Jornal de Notícias e da TSF), foi alvo de cinco acções judiciais em Lisboa. Mas juntando as do Porto, desde Maio, já são 12, intentadas por fornecedores e ex-colaboradores, alguns dos quais jornalistas. das quais três são processos de execução por dívidas a fornecedores e ex-colaboradores, alguns dos quais jornalistas.
O Ministério Público arquivou o processo-crime por difamação movido pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, pelo deputado Miguel Guimarães, por Eurico Castro Alves, duas ordens profissionais e pela indústria farmacêutica contra o director do PÁGINA UM. Num despacho de 72 páginas, o MP concluiu que a investigação jornalística sobre a campanha "Todos por Quem Cuida" — que envolveu 1,4 milhões de euros e está pejada de ilegalidades e irregularidades — não cometeu qualquer crime, mas apenas cumpriu o dever de escrutínio público.
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Quase dois anos após três tribunais terem dado razão ao PÁGINA UM, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) continua a recusar entregar uma base de dados dos internamentos hospitalares. E fá-lo com um desplante inédito: os quatro dirigentes nomeados pela ministra Ana Paula Martins escondem-se agora do carteiro para evitar notificações judiciais, transformando o Estado de Direito num grotesco teatro de bandalheira institucional.
A pretexto da reacção de Luís Ribeiro sobre a escrita de artigos noticiosos em cumprimentos de contratos de marketing.
Foi preciso uma sentença, um acórdão e um pedido de aplicação de sanção pecuniária compulsória. O PÁGINA UM revela (e apresenta uma avaliação individual) dos 52 relatórios do Instituto Superior Técnico escondidos durante 32 meses pelo seu presidente, Rogério Colaço.
Um juiz recém-nomeado no Tribunal Administrativo de Lisboa fez uma interpretação temerária da lei ao tentar isentar o Conselho Superior da Magistratura do cumprimento da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos. O Tribunal Central Administrativo Sul travou a decisão, lembrando que nem mesmo o órgão máximo da magistratura pode escapar às regras da transparência e do escrutínio público.
O escritor Paulo Moreiras, colaborador do PÁGINA UM nas recensões literárias, venceu o Prémio PEN de Ficção Narrativa com 'A Vida Airada de Dom Perdigote'.
UUm jovem etéreo, entre a inocência e a sedução, encarna o anjo que não morre — apenas cai, suavemente, do olhar de quem o contempla. Um conto de Sílvia Quinteiro.
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Um conto do escritor brasileiro Lourenço Cazarré, sempre aos domingos, quinzenalmente.
Se há coisa sobre o fado que é controversa, é a sua origem. Sérgio Luís de Carvalho, colaborador pontual do PÁGINA UM, abre o livro sobre esse enigma em 'Lisboa Fadista', cujo primeiro capítulo mostramos em pré-publicação.