Pedro Almeida Vieira
"Vale a pena ser jornalista para acabar no banco dos réus?"

"[...] Hoje, multiplicam-se os curiosos tardios, os abutres que farejam mais escândalo do que luto. A eles não devemos nada. À Clara devemos tudo: a inteligência que nunca perdeu, a generosidade que ofereceu mesmo quando lhe doía oferecer, a coragem de quem, mesmo esmagada, insistiu em escrever como quem luta contra a extinção. Nos três anos em que a acompanhei, e que ela nos acompanhou no PÁGINA UM, lamento apenas uma coisa: não ter tido mais tempo para insistir para que escrevesse sempre mais. O jornal devora-nos. A vida devora-nos. Mas a escrita dela — aquela escrita feita de luz e cicatriz — merecia outro fôlego, outro país, outro espelho onde pudesse reencontrar-se sem ser julgada, mas antes apenas idolatrada. Adeus, rainha."
Tal como nos anos da pandemia, o mais mediático pneumologista do país continua a esconder despudoradamente as suas ligações com as farmacêuticas. E até se 'internacionalizou'...
Tiago Salazar escreve sobre a morte e a memória, evocando Clara Pinto Correia — mestra, guerreira e voz rara —, enquanto denuncia a hipocrisia dos elogios tardios e a ingratidão de um país que só ama após o fim.
A última crónica inédita que CLARA PINTO CORREIA enviou para o PÁGINA UM, e que prevíamos publicar no próximo fim-de-semana. A Clara, que hoje nos deixou, publicou 97 textos (crónicas e até um folhetim de verão) desde Setembro de 2022.
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Após o rapto, na semana passada, de um bebé no Hospital de Gaia, o PÁGINA UM investigou os negócios das pulseiras anti-rapto e descobriu um mundo obscuro de contratos por ajuste directo, justificando-se falsamente falta de concorrência. Na verdade, duas empresas dividem silenciosamente o mercado, que vale mais de 3,3 milhões de euros desde 2019, com o 'patrocínio' das administrações hospitalares.
Ao longo de mais de um ano, Brás Cubas — a célebre personagem de Machado de Assis — analisou, com mordacidade e sátira, a política e a sociedade portuguesas do século XXI. Cerca de cinquenta dessas crónicas, revistas e editadas, dão forma ao 'Correio Mercantil de Brás Cubas', onde enfim se revela o amanuense por detrás dos escritos: Pedro Almeida Vieira, que regressa à Literatura, com olhar sobre a realidade, quase uma década após a sua última obra. Contribua também aqui para o sucesso do PÁGINA UM, que manterá o preço de 15 euros por mais alguns dias.
"[...] O psicólogo Mauro Paulino faz-me lembrar Simão Bacamarte, o alienista de Machado de Assis, aquele que se julgava o supremo intérprete da sanidade e da loucura em Itaguaí. Mas esta comparação é ingrata e injusta — para Bacamarte. Na loucura do alienista da Casa Verde havia método, havia lógica interna, havia até uma doçura involuntária. Era uma loucura ingénua, quase nobre na sua obsessão. Já em Mauro Paulino não há doçura nem grandeza trágica. Há apenas duas coisas: petulância e uma gigantesca cara de pau, revestidas de jargão científico. [...]"
O médico Joaquim Sá Couto escreve sobre Medicina e Inteligência Artificial, mostrando como a ausência de valores claros nas máquinas exige um verdadeiro 'transplante de alma' para decisões éticas.
A cena jazzística lisboeta vive uma era dourada, e a chegada de Ali Jackson, para uma residência no Távola Jazz Club, confirma-o: Lisboa tornou-se palco discreto, mas vibrante, do jazz mundial.
A ameaça da VASP de deixar de distribuir jornais e revistas em oito distritos do interior não passa de um 'bluff' estratégico: apesar de alegar dificuldades financeiras, a empresa depende totalmente desta unidade — a menos lucrativa, mas a única que gera o cash-flow que sustenta toda a estrutura logística e a unidade não-editorial que está em franco crescimento. Sem os jornais, a VASP colapsaria, o que revela que a ruptura anunciada visa sobretudo pressionar o Governo.
A propósito da exposição 'Complexo Brasil', Brás Cubas ressurge do além para lembrar que os vivos têm um delicioso hábito: chicotear defuntos alheios para fugir às culpas bem vivas do presente.
Seria cómico se não fosse trágico: o julgamento para apurar responsabilidades criminais pelas graves falhas de segurança no acidente do Elevador da Glória terá lugar no Campus de Justiça de Lisboa, onde, neste momento, os elevadores (em edifícios com até oito pisos) estão com a inspeção bianual em atraso há quase oito meses. O Ministério da Justiça garante existir manutenção, mas responsabiliza o “senhorio”, um fundo imobiliário de Singapura que comprou os edifícios em 2023.
Há 137 dias, 17 horas, 3 minutos, 22 segundos
que a Global Notícias devia ter as suas contas entregues.
Mas prefere perguntar pelas do PÁGINA UM.
Pedro Almeida Vieira

Frederico Duarte Carvalho

Pedro Almeida Vieira

Pedro Almeida Vieira

Luís Gomes

Pedro Almeida Vieira

Desde que Luís Montenegro chegou a São Bento, a Sérvulo & Associados entrou nos seus anos de ouro, acumulando contratos públicos como nunca antes. O último impulso veio de um chorudo contrato da Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), no valor de 492 mil euros, celebrado no final de Novembro e assinado por Rui Medeiros, ex-ministro do PSD e sócio principal da firma.
Os resistentes colaboradores da Visão, que continuam a publicar a revista em teletrabalho, não terão qualquer 'direito de preferência' na aquisição da marca. O PÃGINA UM sabe que todos os títulos da Trust in News, em irreversível processo de liquidação, foram já apreendidos, estando agora em processo de avaliação para definição de um preço base. O leilão será em Fevereiro.
Na mesma semana em que decorria a Web Summit, e Lisboa se tornava por uns dias na capital da Inteligência Artificial, o PÁGINA UM fez mais uma reportagem numa zona problemática na cidade: o antigo Casal Ventoso. Enquanto na zona Oriental de Lisboa se falava, naquele dia, de IA e avanço tecnológico, na outra ponta da cidade, na freguesia de Campo de Ourique, o cenário era desolador. Toxicodependentes sem-abrigo vivem em tendas improvisadas, em túneis e edifícios em ruína. Seringas, dejectos humanos e lixo fazem ali parte da paisagem.
Os municípios da área do Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra podem considerar-se privilegiados: recebem agora a juíza Telma Nogueira, que em Lisboa conseguiu a proeza de conduzir ao longo de 34 meses um processo de intimação do PÁGINA UM contra o Ministério da Saúde — relativo ao acesso aos contratos das vacinas contra a covid-19 — sem jamais decidir. Produziu 31 despachos, prolongou sucessivos prazos, pediu traduções desnecessárias e expurgos, mas nunca proferiu sentença.
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O Ministério Público arquivou o processo-crime por difamação movido pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, pelo deputado Miguel Guimarães, por Eurico Castro Alves, duas ordens profissionais e pela indústria farmacêutica contra o director do PÁGINA UM. Num despacho de 72 páginas, o MP concluiu que a investigação jornalística sobre a campanha "Todos por Quem Cuida" — que envolveu 1,4 milhões de euros e está pejada de ilegalidades e irregularidades — não cometeu qualquer crime, mas apenas cumpriu o dever de escrutínio público.
A pretexto da reacção de Luís Ribeiro sobre a escrita de artigos noticiosos em cumprimentos de contratos de marketing.
Foi preciso uma sentença, um acórdão e um pedido de aplicação de sanção pecuniária compulsória. O PÁGINA UM revela (e apresenta uma avaliação individual) dos 52 relatórios do Instituto Superior Técnico escondidos durante 32 meses pelo seu presidente, Rogério Colaço.
Um juiz recém-nomeado no Tribunal Administrativo de Lisboa fez uma interpretação temerária da lei ao tentar isentar o Conselho Superior da Magistratura do cumprimento da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos. O Tribunal Central Administrativo Sul travou a decisão, lembrando que nem mesmo o órgão máximo da magistratura pode escapar às regras da transparência e do escrutínio público.
O escritor Paulo Moreiras, colaborador do PÁGINA UM nas recensões literárias, venceu o Prémio PEN de Ficção Narrativa com 'A Vida Airada de Dom Perdigote'.
Ao passar diante do hotel, deteve-se perante um cartaz sobre paremiologia. Um micro-conto de Sílvia Quinteiro.
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No calor sufocante de uma noite sem ar, descemos do carro diante do ginásio em brasa, sem imaginar que enfrentaríamos Batata, o velho goleiro.
Se há coisa sobre o fado que é controversa, é a sua origem. Sérgio Luís de Carvalho, colaborador pontual do PÁGINA UM, abre o livro sobre esse enigma em 'Lisboa Fadista', cujo primeiro capítulo mostramos em pré-publicação.